quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A era do humanismo está terminando

Postado em 26 Jan 2017
Achille Mbembe

Publicado no Mail & Guardian, traduzido pelo Unisinos por André Langer.
“Outro longo e mortal jogo começou. O principal choque da primeira metade do século XXI não será entre religiões ou civilizações. Será entre a democracia liberal e o capitalismo neoliberal, entre o governo das finanças e o governo do povo, entre o humanismo e o niilismo”, escreve Achille Mbembe. E faz um alerta: “A crescente bifurcação entre a democracia e o capital é a nova ameaça para a civilização”.
Achille Mbembe (1957, Camarões francês) é historiador, pensador pós-colonial e cientista político; estudou na França na década de 1980 e depois ensinou na África (África do Sul, Senegal) e Estados Unidos. Atualmente, ensina no Wits Institute for Social and Economic Research (Universidade de Witwatersrand, África do Sul). Ele publicou Les Jeunes et l’ordre politique en Afrique noire (1985), La naissance du maquis dans le Sud-Cameroun. 1920-1960: histoire des usages de la raison en colonie (1996), De la Postcolonie, essai sur l’imagination politique dans l’Afrique contemporaine (2000), Du gouvernement prive indirect (2000), Sortir de la grande nuit – Essai sur l’Afrique décolonisée (2010), Critique de la raison nègre (2013). Seu novo livro, The Politics of Enmity, será publicado pela Duke University Press neste ano de 2017.
O artigo foi publicado, originalmente, em inglês, no dia 22-12-2016, no sítio do Mail & Guardian, da África do Sul, sob o título “The age of humanism is ending” e traduzido para o espanhol e publicado por Contemporeafilosofia.blogspot.com, 31-12-2016. A tradução é de André Langer.
Eis o artigo.
Não há sinais de que 2017 seja muito diferente de 2016.
Sob a ocupação israelense por décadas, Gaza continuará a ser a maior prisão a céu aberto do mundo.
Nos Estados Unidos, o assassinato de negros pela polícia continuará ininterruptamente e mais centenas de milhares se juntarão aos que já estão alojados no complexo industrial-carcerário que foi instalado após a escravidão das plantações e as leis de Jim Crow.
A Europa continuará sua lenta descida ao autoritarismo liberal ou o que o teórico cultural Stuart Hall chamou de populismo autoritário. Apesar dos complexos acordos alcançados nos fóruns internacionais, a destruição ecológica da Terra continuará e a guerra contra o terror se converterá cada vez mais em uma guerra de extermínio entre as várias formas de niilismo.
As desigualdades continuarão a crescer em todo o mundo. Mas, longe de alimentar um ciclo renovado de lutas de classe, os conflitos sociais tomarão cada vez mais a forma de racismo, ultranacionalismo, sexismo, rivalidades étnicas e religiosas, xenofobia, homofobia e outras paixões mortais.
A difamação de virtudes como o cuidado, a compaixão e a generosidade vai de mãos dadas com a crença, especialmente entre os pobres, de que ganhar é a única coisa que importa e de que ganhar – por qualquer meio necessário – é, em última instância, a coisa certa.
Com o triunfo desta aproximação neodarwiniana para fazer história, o apartheid, sob diversas modulações, será restaurado como a nova velha norma. Sua restauração abrirá caminho para novos impulsos separatistas, para a construção de mais muros, para a militarização de mais fronteiras, para formas mortais de policiamento, para guerras mais assimétricas, para alianças quebradas e para inumeráveis divisões internas, inclusive em democracias estabelecidas.
Nenhuma das alternativas acima é acidental. Em qualquer caso, é um sintoma de mudanças estruturais, mudanças que se farão cada vez mais evidentes à medida que o novo século se desenrolar. O mundo como o conhecemos desde o final da Segunda Guerra Mundial, com os longos anos da descolonização, a Guerra Fria e a derrota do comunismo, esse mundo acabou.
Outro longo e mortal jogo começou. O principal choque da primeira metade do século XXI não será entre religiões ou civilizações. Será entre a democracia liberal e o capitalismo neoliberal, entre o governo das finanças e o governo do povo, entre o humanismo e o niilismo.
O capitalismo e a democracia liberal triunfaram sobre o fascismo em 1945 e sobre o comunismo no começo dos anos 1990 com a queda da União Soviética. Com a dissolução da União Soviética e o advento da globalização, seus destinos foram desenredados. A crescente bifurcação entre a democracia e o capital é a nova ameaça para a civilização.
Apoiado pelo poder tecnológico e militar, o capital financeiro conseguiu sua hegemonia sobre o mundo mediante a anexação do núcleo dos desejos humanos e, no processo, transformando-se ele mesmo na primeira teologia secular global. Combinando os atributos de uma tecnologia e uma religião, ela se baseava em dogmas inquestionáveis que as formas modernas de capitalismo compartilharam relutantemente com a democracia desde o período do pós-guerra – a liberdade individual, a competição no mercado e a regra da mercadoria e da propriedade, o culto à ciência, à tecnologia e à razão.
Cada um destes artigos de fé está sob ameaça. Em seu núcleo, a democracia liberal não é compatível com a lógica interna do capitalismo financeiro. É provável que o choque entre estas duas ideias e princípios seja o acontecimento mais significativo da paisagem política da primeira metade do século XXI, uma paisagem formada menos pela regra da razão do que pela liberação geral de paixões, emoções e afetos.
Nesta nova paisagem, o conhecimento será definido como conhecimento para o mercado. O próprio mercado será re-imaginado como o mecanismo principal para a validação da verdade. Como os mercados estão se transformam cada vez mais em estruturas e tecnologias algorítmicas, o único conhecimento útil será algorítmico. Em vez de pessoas com corpo, história e carne, inferências estatísticas serão tudo o que conta. As estatísticas e outros dados importantes serão derivados principalmente da computação. Como resultado da confusão de conhecimento, tecnologia e mercados, o desprezo se estenderá a qualquer pessoa que não tiver nada para vender.
A noção humanística e iluminista do sujeito racional capaz de deliberação e escolha será substituída pela do consumidor conscientemente deliberante e eleitor. Já em construção, um novo tipo de vontade humana triunfará. Este não será o indivíduo liberal que, não faz muito tempo, acreditamos que poderia ser o tema da democracia. O novo ser humano será constituído através e dentro das tecnologias digitais e dos meios computacionais.
A era computacional – a era do Facebook, Instagram, Twitter – é dominada pela ideia de que há quadros negros limpos no inconsciente. As formas dos novos meios não só levantaram a tampa que as eras culturais anteriores colocaram sobre o inconsciente, mas se converteram nas novas infraestruturas do inconsciente. Ontem, a sociabilidade humana consistia em manter os limites sobre o inconsciente. Pois produzir o social significava exercer vigilância sobre nós mesmos, ou delegar a autoridades específicas o direito de fazer cumprir tal vigilância. A isto se chamava de repressão.
A principal função da repressão era estabelecer as condições para a sublimação. Nem todos os desejos podem ser realizados. Nem tudo pode ser dito ou feito. A capacidade de limitar-se a si mesmo era a essência da própria liberdade e da liberdade de todos. Em parte graças às formas dos novos meios e à era pós-repressiva que desencadearam, o inconsciente pode agora vagar livremente. A sublimação já não é mais necessária. A linguagem se deslocou. O conteúdo está na forma e a forma está além, ou excedendo o conteúdo. Agora somos levados a acreditar que a mediação já não é necessária.
Isso explica a crescente posição anti-humanista que agora anda de mãos dadas com um desprezo geral pela democracia. Chamar esta fase da nossa história de fascista poderia ser enganoso, a menos que por fascismo estejamos nos referindo à normalização de um estado social da guerra. Tal estado seria em si mesmo um paradoxo, pois, em todo caso, a guerra leva à dissolução do social. No entanto, sob as condições do capitalismo neoliberal, a política se converterá em uma guerra mal sublimada. Esta será uma guerra de classe que nega sua própria natureza: uma guerra contra os pobres, uma guerra racial contra as minorias, uma guerra de gênero contra as mulheres, uma guerra religiosa contra os muçulmanos, uma guerra contra os deficientes.
O capitalismo neoliberal deixou em sua esteira uma multidão de sujeitos destruídos, muitos dos quais estão profundamente convencidos de que seu futuro imediato será uma exposição contínua à violência e à ameaça existencial. Eles anseiam genuinamente um retorno a certo sentimento de certeza – o sagrado, a hierarquia, a religião e a tradição. Eles acreditam que as nações se transformaram em algo como pântanos que necessitam ser drenados e que o mundo tal como é deve ser levado ao fim. Para que isto aconteça, tudo deve ser limpo. Eles estão convencidos de que só podem se salvar em uma luta violenta para restaurar sua masculinidade, cuja perda atribuem aos mais fracos dentre eles, aos fracos em que não querem se transformar.
Neste contexto, os empreendedores políticos de maior sucesso serão aqueles que falarem de maneira convincente aos perdedores, aos homens e mulheres destruídos pela globalização e pelas suas identidades arruinadas.
A política se converterá na luta de rua e a razão não importará. Nem os fatos. A política voltará a ser um assunto de sobrevivência brutal em um ambiente ultracompetitivo.
Sob tais condições, o futuro da política de massas de esquerda, progressista e orientada para o futuro, é muito incerto. Em um mundo centrado na objetivação de todos e de todo ser vivo em nome do lucro, a eliminação da política pelo capital é a ameaça real. A transformação da política em negócio coloca o risco da eliminação da própria possibilidade da política.
Se a civilização pode dar lugar a alguma forma de vida política, este é o problema do século XXI.
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Movimentos

18 de janeiro de 2017 - 10h53 

Marcha encerra primeiro dia de Fórum Social das Resistências 


Sul 21
 
 

As principais atividades do dia se iniciaram às 9h. No auditório da Fetag, o painel “Os desafios da classe trabalhadora diante da ofensiva neoliberal”, discutiu a reforma previdenciária proposta pelo governo Michel Temer (PMDB). Para uma das palestrantes da mesa, a doutora em economia e professora da UFRJ Denise Gentil, “esta reforma atende aos interesses de quatro grupos sociais: os bancos, os proprietários de títulos públicos, os burocratas e bancadas do Congresso”. Segundo ela, “a disponibilidade do governo federal no Banco Central do Brasil – Conta Única, em novembro de 2016, era próxima a R$ 1 trilhão líquidos”. “Vocês acham que este é um país que passa por crise fiscal? Este é um país riquíssimo”, provocou aos que acompanhavam a atividade.

Ao mesmo tempo, no Hotel Embaixador, no Centro, acontecia o debate “América Latina: que caminhos seguir?”, que contou com a participação de Oded Grajew e Chico Whitaker, idealizadores do primeiro Fórum Social Mundial, em 2001. Somaram-se a eles ativistas da Nicarágua, Venezuela, Peru, Bolívia, Chile, Argentina, Uruguai e Brasil. A roda de conversa, que se deu grande parte em portunhol, discutiu os rumos seguidos pela esquerda no continente e a necessidade de sair do Fórum das Resistências com um plano de trabalho para os próximos anos. A peruana Marisa Gave, foi enfática ao fazer uma crítica interna à esquerda: “fizemos tudo que podíamos? Eu acho que não. Nós nos consideramos anticapitalistas, mas não rompemos com ele”.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, (CTB), Adilson Araújo, também participou da marcha

O movimento negro foi representado por grupos como o Fórum Nacional de Saúde Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsanpotma). “Esses povos são um exemplo da resistência porque nós resistimos desde que botamos os pés neste país. Resistimos o tempo todo para manter a nossa identidade, a nossa memória, e hoje estamos resistindo contra todo esse retrocesso nos direitos humanos”, afirmou Bàbá Omi Luciano de Oxalá, coordenador da entidade.


Mais tarde, às 17h, iniciou-se concentração para a Marcha dos Povos em Resistência, no Largo Glênio Peres. Movimentos sindicais e sociais, assim como representantes de partidos políticos compareceram, representando diferentes causas. Entre os participantes, João Carlos Padilha, índio kaingang, reivindicava o reflorestamento e repudiava a indicação de Antônio Toninho Costa, pastor evangélico, para a presidência da Funai. Raul Pont, ex-prefeito e candidato nas últimas eleições para a Prefeitura da capital, citou a importância do fórum com o tema resistências, “visto que os movimentos não foram capazes de impedir que o governo golpista tomasse o poder e colocasse em prática essas medidas que afetarão negativamente o trabalhador” e terminou dizendo que “é hora de internacionalizar isso”.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, (CTB), Adilson Araújo, também participou da marcha e salientou a importância da resistência em tempos de retirada de direitos. 

“A CTB se soma a esse Fórum nesse momento em que as forças conservadoras advogam a tese do desmonte do Estado nacional com o objetivo de acabar com a previdência pública, sacramentando o negociado sobre o legislado, colocando fim a CLT. É imprescindível que a gente tome as ruas. As centrais sindicais são responsáveis por conduzir um papel de ultraresistência para dizer não à essa agenda neoliberal e regressiva. Vamos juntos nessa caminhada pela democracia e pelo restabelecimento do Estado Democrático de Direito”, defendeu Adílson.


A marcha iniciou às 18h30 e trancou uma via da Av. Borges de Medeiros em direção ao Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa, onde estava previsto acontecer ato cultural. Na chegada à Av. Loureiro da Silva, no entanto, a marcha se deparou com a Feira Modelo, que acontece todas às terças no local. Segundo a organização do evento, os feirantes deveriam liberar o local às 19h para dar lugar à programação do fórum, o que acabou não acontecendo. Depois de cerca de uma hora na Rua José do Patrocínio, a marcha acabou por dispersar. As atividades continuam nesta terça-feira, confira a programação.

O Fórum Social das Resistências é um espaço que ocorre dentro dos marcos do Fórum Social Mundial e foi idealizado como um contraponto ao Fórum Econômico Mundial, que também começou nesta terça-feira (17) em Davos, na Suíça. “Aqui em Porto Alegre, no início de 2017, vamos começar a demarcar a nossa contrariedade sobre tudo o que está acontecendo. O Fórum é uma oportunidade de as organizações se fortalecerem, se encontrarem, fazerem combinações e aprofundarem os laços de solidariedade na ação de resistência”, afirmou Claudir Nespolo, presidente da Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT-RS).



Com Sul 21 e Agência Brasil 

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Batedora!

Reflexões de uma batedora de panela, seis meses depois. Por Paulo Nogueira



Postado em 17 Jan 2017
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Vânia olhou para a sua panela tramontina roxa ali guardada no fundo do armário da cozinha.
Foi um olhar em que havia ao mesmo tempo melancolia e frustração.
Não era uma panela qualquer. Era aquela que Vânia usara nos protestos contra Dilma. Escolhera-a por ser leve e barulhenta. Perfeita, portanto, para a ocasião.
A panela remetia a Dilma. Vânia, naqueles dias de panelaço, abominava Dilma.
Dilma era um obstáculo para o Brasil, para os brasileiros. Quando gritava “Fora Dilma”, Vânia tinha certeza de que bradava pelo progresso nacional.
Vânia era gerente de uma loja da Riachuelo. O dono da cadeia dissera à imprensa que, Dilma saindo, as coisas logo se ajeitariam na economia nacional. Questão de dias.
Era o que todo mundo dizia, aliás. Vânia lia a Veja toda semana. Não perdia um Jornal Nacional. Deixava horas e horas a GloboNews ligada na tevê de sua casa. No trânsito, a rádio de seu carro oscilava entre CBN e Jovem Pan.
Considerava-se, modéstia à parte, uma mulher muito bem informada.
Todo mundo que ela admirava na imprensa concordava em que Dilma tinha que cair.
Vânia pegou a tramontina roxa nas mãos e como que voltou no tempo. Sentia que estava fazendo história ao participar dos panelaços. Com a panela nas mãos, naquelas noites, era tomada de uma euforia quase sexual.
Tinha que dar certo — e deu. Dilma enfim caiu.
Todos os problemas agora estavam resolvidos.
Ou não?
Ali, na sua cozinha, tramontina na mão, naquele momento de rememoração e reflexão, já se tinham passado mais de seis meses desde a queda de Dilma.
Mas e o paraíso prometido, onde fora parar?
Vânia batera a panela contra a corrupção, mas Temer e a turma que tomara o poder não significavam exatamente um choque de ética política.
Na economia, as coisas não podiam estar piores. Vários colegas de Vânia de gerência na Riachuelo tinham sido demitidos nos últimos dias. Cada vez que o chefe a chamava ela tinha um tremor. Achava que chegara a sua hora de ser despedida.
Naquele dia do reencontro com a tramontina roxa, Vânia pensou também em Dilma.
Será que ela era mesmo aquele monstro que pintaram?
Vira algumas entrevistas com ela depois do impeachment. Chamou sua atenção a forma como ela, Dilma, se referia aos pobres. Era uma simpatia que parecia ser genuína, e que como que tinha o poder de contagiar.
“Um país tão rico com tantos pobres não pode dar certo”, Vânia se pegou um dia refletindo. Isso nunca aconterera antes.
Vânia passara a ver Dilma de outra forma.
Teria sido vítima de uma trama de homens corruptos e muito ricos, como ela dizia?
Talvez sim, talvez não, pensou Vânia, panela na mão.
De repente, num impulso irresistível, atirou a tramontina contra a parede.
E lhe ocorreu que caso encontrasse Dilma na rua lhe daria um abraço.
Não um abraço de desculpa, mas um gesto de solidariedade de mulher para mulher. “Acho que me usaram para te pegar”, talvez dissesse.
A história acima é uma mistura de ficção leve e realidade brutal.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Perseguição a professores, a odisseia

Cultura

Folia de Reis é declarada patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais

Manifestação cultural e festiva católica marca o aniversário da visita dos três reis magos ao recém-nascido Jesus Cristo

Agência Brasil, 
Os foliões passam de casa em casa em coro e são recebidos em cada uma delas com comes e bebes típicos e outras oferendas / Renato Araujo/Arquivo/Agência Brasil
O Conselho Estadual de Patrimônio de Minas Gerais aprovou, na última sexta-feira (6), o reconhecimento da Folia de Reis como patrimônio cultural imaterial do estado. A manifestação cultural e festiva, celebrada anualmente por católicos, ocorre geralmente no dia 6 de janeiro. Esta data, na tradição cristã, marca o aniversário da visita dos três reis magos ao recém-nascido Jesus Cristo.
Belchior, Gaspar e Baltazar, convertidos em santos pela Igreja Católica, teriam saído do Oriente se guiando por uma estrela e levavam três presentes: ouro, incenso e mirra. Para os devotos, a data da chegada dos reis magos ao destino final é quando se encerram os festejos natalinos, que começam quatro domingos antes do 25 de dezembro, dia atribuído ao nascimento de Jesus Cristo.
Dessa forma, no dia 6 de janeiro são desarmados os presépios, as árvores e os demais enfeites.
Desfiles
É também nesta data que os católicos de algumas regiões do Brasil se mobilizam na Folia de Reis, chamada ainda de Reisado ou Festa de Santo Reis, entre outros nomes. Os participantes dessa manifestação cultural e festiva entoam diversas canções e rezas em homenagem aos três viajantes santificados. Os foliões passam de casa em casa em coro e são recebidos em cada uma delas com comes e bebes típicos e outras oferendas.
Em cada local, há também particularidades, como encenações dos reis magos, desfiles, danças, repertórios, instrumentos utilizados e roupas. Minas Gerais é um dos estados onde a Folia de Reis mais se faz presente, resguardando uma tradição de aproximadamente 300 anos.
Um inventário do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) realizado em 2016 cadastrou 1.255 grupos de foliões, distribuídos em 326 municípios mineiros.
Origem
Este inventário, que teve origem há pouco mais de um ano, ofereceu as bases para o reconhecimento dos festejos como patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais.
"Foi um levantamento amplo com o objetivo de entender a origem dessa tradição no estado e também as transformações que ela sofreu, investigando como acontecia no passado e como acontece nos dias atuais. O estudo se baseou nas narrativas dos próprios participantes", informou Michele Arroyo, presidente do Iepha-MG.
O estudo cadastrou também manifestações que ocorrem em outras datas e que prestam outras homenagens, como as folias de São Sebastião e da Virgem Maria. Muitos grupos, porém, ainda não foram mapeados. A estimativa do Iepha-MG é que existam cerca de 4 mil deles em Minas Gerais.
Políticas públicas
Uma das vantagens de serem considerados patrimônio cultural imaterial é a possibilidade de obterem benefícios de políticas públicas. "É uma tradição da cultura popular extremamente representativa e esse reconhecimento permitirá aprofundar um trabalho de parceria entre o governo estadual e os grupos, construindo assim uma política da salvaguarda das folias de reis", disse Michele Arroyo.
Ela explicou que o trajeto das folias de reis costuma levar em conta os locais e as casas onde foram montados presépios. Esta ano, o Iepha-MG incentivou a instalação de presépios em edifício públicos em Belo Horizonte e em algumas cidades do interior. Com o reconhecimento, este estímulo deve aumentar nos próximos anos. O órgão pretende criar um calendário de presépios e folias, de modo a aumentar a visibilidade e a divulgação.
O título de patrimônio cultural imaterial poderá facilitar ainda o apoio do estado para que os grupos comprem instrumentos musicais e confeccionem as roupas. O Iepha-MG também pretende criar espaços de formação para fomentar a integração das novas gerações, por exemplo, através de oficinas de canto e de instrumentos musicais.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Festa de Santo Reis

Dia 6 de janeiro de 2017 (próxima sexta-feira).

 GRUPO CULTURA FOLIA DE REIS
Nova Brasilândia D' Oeste- RO


CONVITE


O GRUPO CULTURA FOLIA DE REIS tem a honra de convidar toda a população a participar da tradicional Festa dos Três Reis Magos, com início itinerante no dia 7 de dezembro de 2016, passando pelas linhas: 114 norte, 114 sul, linha 21 norte e em seguida setor cidade com término no dia 06 de janeiro 2017, na Comunidade São José, com a chegada da Bandeira do Divino prevista a partir das 10 h 00 min.


Participe, você é nosso convidado especial!