quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Audiência Pública

O Vice-Prefeito de Nova Brasilândia D' Oeste- RO, Professor Emerson, promove nessa sexta- feira, dia 16 de dezembro de 2016, a partir das 19 horas, na Câmara Municipal, Audiência Pública de avaliação da Gestão Administrativa e Financeira 2013-2016 do Município. 
Participe e se mantenha informado da atual conjuntura financeira e administrativa e os desafios a serem enfrentados na próxima gestão! 



quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Descendo a ladeira!

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Analise politica e economica

ARTIGO

Sete propostas de Donald Trump que a mídia censurou e que explicam a vitória dele

O jornalista espanhol Ignacio Ramonet analisa a vitória do republicano à Presidência dos EUA

Desinformémonos I México , 
"Melhor que ninguém, Trump percebeu as discordâncias cada vez maiores entre as elites políticas, econômicas, intelectual e mediática, por uma parte, e as bases do eleitorado conservador, por outra" / Reprodução/ Desinformémonos
A vitória de Donald Trump (como o Brexit no Reino Unido ou a votação pelo ‘no’ na Colômbia) significa, primeiro, mais uma gigantesca derrota dos grandes meios de comunicação dominantes e dos institutos de pesquisas de opinião. Mas significa também que toda a arquitetura mundial estabelecida após a Segunda Guerra Mundial está sendo transformada e está em decadência. As cartas da geopolítica voltam a ser distribuídas, e outra partida começa. Entramos em uma nova era com apenas uma certeza: "o desconhecido". Agora tudo pode acontecer.
Como Trump conseguiu inverter uma tendência que o tinha como perdedor e se impôs na reta final da campanha eleitoral? Esta figura atípica, com suas propostas grotescas e suas ideias sensacionalistas, já tinha contrariado todas as previsões. Diante de pesos pesados da política como Jeb Bush, Marco Rubio ou Ted Cruz, que contavam ainda com o apoio do establishment republicano, pouquíssimos acreditavam ele iria vencer as eleições primárias do Partido Republicano, mas ele superou seus adversários e os reduziu a cinzas.
Há de se entender que, desde a crise financeira de 2008 (da qual ainda não saímos), nada mais é igual em lugar nenhum. Os cidadãos estão profundamente desencantados. A própria democracia, como modelo, tem perdido credibilidade. Os sistemas políticos têm sido sacudidos até as raízes. Na Europa, por exemplo, tem se multiplicado os tremores eleitorais (e o Brexit foi somente um deles). Os grandes partidos tradicionais estão em crise. E por todas partes se percebe o ascenso de grupos de extrema direita (na França, na Áustria e nos países nórdicos) ou de partidos antissistema e anticorrupção (Itália, Espanha). A paisagem se mostra radicalmente transformada.
O fenômeno tem chegado aos Estados Unidos, um país que já conheceu, em 2010, uma onda populista devastadora, representada pelo então Tea Party. A vitória do multimilionário Donald Trump na Casa Branca prolonga tal e se constitui uma revolução eleitoral que nenhum analista soube prever. Embora ainda sobreviva, nas aparências, a velha rivalidade entre democratas e republicanos, a vitória de um candidato tão heterodoxo como Trump se apresenta como um verdadeiro terremoto. Seu estilo direto, grotesco e a sua mensagem maniqueísta e reducionista, apelando aos baixos instintos de certos setores da sociedade, muito diferente do tom habitual dos políticos estadunidenses, tem lhe conferido uma carga de autenticidade aos olhos do setor mais decepcionado do eleitorado da direita. Para muitos eleitores indignados com o “politicamente correto”, que acham que já não se pode dizer o que se pensa sob a pena de ser acusado de racista, a “palavra livre” de Trump em relação aos latinos, aos imigrantes e aos muçulmanos é percebida como um desabafo autêntico.
Nesse sentido, o candidato republiano soube interpretar o que poderíamos denominar de “rebelião das bases”. Melhor que ninguém, ele percebeu as discordâncias cada vez maiores entre as elites políticas, econômicas, intelectuais e mediáticas, por uma parte, e as bases do eleitorado conservador, por outra. Seu discurso violentamente anti-Washington e anti-Wall Street seduziu, em particular, os eleitores brancos, pouco cultos e empobrecidos pelos efeitos da globalização econômica.
É preciso apontar que a mensagem de Trump não é semelhante a do partido neofascista europeu. Não é um ultradireitista convencional. Ele mesmo se define como um “conservador com sentido comum” e sua posição, no espectro da política, situaria-se mais exatamente à direita da direita. Empresário multimilionário e estrela superpopular da televisão, Trump não é contrário ao sistema, tampouco um revolucionário, obviamente. Ele não critica o modelo político em si, mas os políticos que o estão dirigindo. Seu discurso é emocional e espontâneo. Apela aos instintos, às tripas, não ao cérebro ou à razão. Fala para essa parte do povo estadunidense entre a qual tem começado a calar o desânimo e o descontentamento. Se dirige às pessoas que estão cansadas da velha política, da “casta”, e promete injetar honestidade no sistema político, renovar nomes, rostos e atitudes.
Os meios de comunicação têm dado uma grande atenção a algumas de suas declarações e propostas mais odiosas e absurdas. Recordemos, por exemplo, sua afirmação de que todos os imigrantes ilegais mexicanos são “corruptos, delinquentes e estupradores”. Ou seu projeto de expulsar os 11 milhões de imigrantes ilegais latinos, os quais quer colocar em ônibus e expulsar do país, em direção ao México. Ou sua proposta inspirada no seriado “Game of Trones” de construir um muro de 3.145 quilômetros ao longo dos vales, montanhas e desertos na fronteira com o México para impedir a entrada de imigrantes latinoamericanos, com um orçamento de US$ 21 bilhões financiado pelo governo mexicano. Nessa mesma lógica, também anunciou que seria proibido o ingresso de todos imigrantes muçulmanos no país, e atacou com veemência os pais de um militar estadunidense de credo muçulmano, Hamayun Khan, morto em combate em 2004, no Iraque.
Trump também afirmou que o matrimonio tradicional, formado por um homem e uma mulher, é “a base de uma sociedade livre”, e criticou a decisão do Tribunal Supremo, que considerou o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo um direito constitucional. Trump apoia as chamadas “leis de liberdade religiosa”, impulsionada pelos conservadores em vários estados, para negar serviços públicos às pessoas LGBT. Sem esquecer as suas declarações sobre o “engano” da mudança climática que, segundo Trump, é um conceito “criado por e para os chineses, para que o setor manufatureiro estadunidense perca competitividade”.
Essa lista de disparates ruins e detestáveis tem sido, repito, massivamente difundida pelos meios de comunicação dominantes não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo. E a principal pergunta que muitas pessoas se fazem é: como é possível que uma figura com tão lamentáveis ideias consiga uma audiência tão considerável entre o eleitorado estadunidense que, obviamente, não pode estar lobotomizado? Algo não se explica.
Para responder a essa pergunta, a gente teve que furar a muralha informativa, analisar mais de perto o programa completo do candidato republicano e descobrir os sete pontos fundamentais ele que defende, mas que foi silenciado pela grande mídia de todo o mundo:
1) Os jornalistas não perdoam, em primeiro lugar, que se ataque de frente o poder midiático. Eles o atacam constantemente porque Trump estimula o público a vaiar os meios de comunicação desonestos. Trump afirma: “Não estou competindo contra Hillary Clinton, estou competindo contra os corruptos dos meios de comunicação”. Em um recente tweet, por exemplo, ele escreveu: “Se os repugnantes e corruptos meios me cobrissem de forma honesta e não atribuíssem significados falsos às palavras que digo, estaria vencendo Hillary por uns 20%[de diferença]”.
Por ser considerada injusta ou parcial a cobertura mediática, o candidato republicano não hesitou em retirar as credenciais de imprensa de vários importantes veículos de comunicação para cobrir seus atos de campanha. Entre eles, The Washington Post, Politico, Huffington Post e BuzzFeed. Ele se atreveu a atacar até a Fox News, a grande rede de comunicação da direita panfletária, ainda fosse seu candidato favorito…
2) Outra razão pela qual os grandes meios atacaram Trump com fúria é porque ele denunciava a globalização econômica, convencido de que esta acabou com a classe média. Segundo ele, a economia globalizada é falida e atinge cada vez mais pessoas. Ele lembra que, nos últimos quinze anos, nos Estados Unidos, mais de 60 mil fabricas tiveram que fechar suas portas e quase cinco milhões de empregos industriais bem remunerados desapareceram.
3) É um fervoroso protecionista. Ele propõe aumentar as taxas sobre todos os produtos importados. “Vamos recuperar o controle do país. Faremos com que os Estados Unidos volte a ser um grande país”, afirmou repetidamente, retomando o seu slogan da campanha.
Partidário do Brexit, Donald Trump tem desvelado que, uma vez eleito presidente, tratará de tirar os Estados Unidos do Tratado de Livre Comercio da América do Norte (NAFTA, em sua sigla em inglês).Também criticou fortemente o Acordo de Associação Transpacífico (TPP em sua sigla em inglês), e assegurou que também afastará o país desse projeto: “O TPP seria um golpe mortal para a indústria manufatureira dos Estados Unidos".
Em regiões como o rust belt, o “cinturão da ferrugem” do norte do país, onde se viu a maior quantidade de saídas e fechamentos de fábricas, o que levou a altos níveis de desemprego e de pobreza, a mensagem de Trump tem calado fundo.
4) O mesmo efeito tem seu rechaço aos ajustes neoliberais em matéria de seguridade social. Muitos eleitores republicanos, vítimas da crise econômica do 2008 ou que têm mais de 65 anos, precisavam se beneficiar da Social Security (aposentadoria) e do Medicare (seguro de saúde) que o atual presidente Barack Obama criou e que outras lideranças republicanas desejavam suprimir. Trump tem prometido não mexer nos avanços sociais, baixar o preço dos medicamentos, ajudar resolver os problemas dos “sem teto”, reformar a situação fiscal dos pequenos contribuintes e eliminar os juros federais que afetam 73 milhões de casas mosdestas.
5) Contra a arrogância de Wall Street, Trump propõe aumentar significativamente os juros dos corretores de bolsa que ganham fortunas, e apoia o reestabelecimento da Lei Glass-Steagall. Aprovada em 1933, em plena Grande Depressão, esta lei rachou a bancada tradicional de investidores, que separou a banca tradicional da banca de investimentos, com o objetivo de evitar que a primeira pudesse fazer investimentos de alto risco. Obviamente, todo o setor financeiro se opõe absolutamente a esta medida.
6) Em política internacional, Trump quer estabelecer uma aliança com a Rússia para combater com eficácia à Organização Estado islâmico (ISIS, pelas suas siglas em inglês), mesmo que, para isso, Washington tenha que reconhecer a incorporação de Crimea por parte dos russos.
7) Trump estima que, devido à sua enorme dívida soberana, os Estados Unidos já não dispõe de recursos necessários para conduzir uma política exterior intervencionista indiscriminada. Já não pode impor a paz a qualquer preço. Destoando do discurso dos caciques do seu partido, o empresário diz que sua postura é uma consequência lógica do final da Guerra Fria, e que é preciso mudar a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte, principal coalizão militar do Ocidente): “não haverá mais garantias de uma proteção automática dos Estados Unidos para os países da OTAN”.
Todas estas propostas não invalidam as inaceitáveis, odiosas e nojentas declarações do candidato republicano repercutidas com alarde pela mídia dominante. Mas, sem dúvidas, explicam melhor o porquê de seu êxito.
Em 1980, a inesperada vitória de Ronald Reagan à presidência dos Estados Unidos fez o planeta entrar em um ciclo de quarenta anos de neoliberalismo e de globalização financeira. A vitória de Donald Trump pode nos fazer entrar em um ciclo geopolítico com perigosas caraterísticas ideológicas – que temos visto aparecer em todas partes e, em particular, na França com Marine Le Pen – é o ‘autoritarismo identitário’.
Um velho mundo está sendo derrubado, e dá vertigem…



Tradução: María Julia Giménez

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Represa de lama!

DIREITOS

Em quadrinhos: tragédia anunciada

O tempo parou em Bento Rodrigues: um estrondo e nada mais se movia no tempo que dava ritmo à vida dos moradores

Brasil de Fato, 
“O tempo parou em Bento Rodrigues”. / Vitor Teixeira / Brasil de Fato
A reportagem em quadrinhos “Tragédia Anunciada” traz fragmentos do maior crime ambiental ligado à mineração do mundo, acontecido há um ano na cidade de Mariana (MG). Foram 663 quilômetros de lama e vidas destruídas foram os resultados do rompimento da barragem de Fundão, que é visto como crime pelas famílias atingidas e por organizações que trabalham diariamente com o caso.
As ilustrações trazem quem são os moradores de Bento Rodrigues - as primeiras vítimas do desastre, as relações entre Samarco e governos, e algumas das consequências vistas até hoje. Mostra também uma nova etapa da tragédia: a construção do dique S4, barragem que irá alagar definitivamente a comunidade de Bento Rodrigues para aumentar a capacidade de estocagem de rejeitos de minério da mineradora Samarco.

 

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Neoliberalismo chegando com força!

ENERGIA

Privatização da Eletrobras tende a comprometer 7500 empregos em seis empresas

Concessionárias de energia de seis estados do Norte e Nordeste devem ser as primeiras a vivenciar o processo

Brasil de Fato | Brasília (DF) , 
Eletrobras lidera sistema de empresas de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia pelo país / Marcelo Casal Jr./Agência Brasil
A Medida Provisória (MP) 735/2016, aprovada pelo Senado na última quarta-feira (19), vem preocupando funcionários de empresas do setor elétrico. O dispositivo, que altera regras do segmento, facilita processos de privatização, diminui a burocracia em leilões, reduz custos da União com subsídios a concessionárias e ainda permite a desestatização de distribuidoras estaduais que foram federalizadas, abrindo caminho para a privatização da Eletrobras. 
A companhia lidera um sistema de empresas de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia pelo país, incluindo empresas como Chesf, Eletronorte e Furnas, por exemplo. 
Segundo projetam as articulações governistas, as concessionárias de energia de seis estados das regiões Norte e Nordeste (Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Alagoas e Piauí) devem ser as primeiras a vivenciar o processo de desestatização, o que tende a comprometer um total de 7.500 empregos, segundo dados da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), que congrega sindicatos do setor. 

Articulações

Durante as discussões no Senado foram feitas algumas alterações na MP, uma delas proposta pela senadora Vanessa Grazziotion (PCdoB-AM), no intuito de preservar todos os empregos dos funcionários. No entanto, o relator da medida, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), acatou apenas parcialmente a proposta e, após acordos com o governo, o texto incluiu a manutenção de 70% do quadro durante os três primeiros anos de privatização.
Com isso, os funcionários enfrentam um clima de receio e insegurança em relação ao trabalho. “Está muito ruim pra gente. Há um clima de preocupação, tensão e tristeza, porque já temos conhecimento do que acontece quando uma empresa é privatizada”, diz Francisco Marques, da direção do Sindicato dos Urbanitários do Piauí (Sintepi), que representa os funcionários da companhia no estado.
Somente no Piauí, por exemplo, a Companhia Energética do Estado (Cepisa) tem 1.600 funcionários concursados.“Nós tínhamos uma projeção de aumentar esse contingente pra 2.500 até 2017, por conta de um acordo firmado entre o MPF [Ministério Público Federal] e a empresa, porque a recomendação era a companhia substituir todos os terceirizados que hoje desenvolvem atividade-fim, mas agora tudo isso fica comprometido também”, lamenta Marques, acrescentando que há cerca de 1.200 terceirizados nessa situação.
Ele destaca ainda o contexto do Maranhão e do Ceará, onde as concessionárias da Eletrobras foram privatizadas em anos anteriores e o quadro de terceirizados cresceu exponencialmente. “Atualmente, o perfil dos empregados é de 85% de terceirizados na Coelce e 90% na Cemar. É claro que os funcionários da Eletrobras se preocupam com essa nova estrutura de trabalho”, completa o dirigente.
A servidora Zenaide Lustosa, que atua na Cepisa há 31 anos, disse que se sente temerosa com a iminência da privatização. “Esse tipo de especulação sempre esteve presente na vida dos trabalhadores da empresa, mas claro que houve um impacto grande agora, porque se criou um clima maior de insegurança. É pior ainda para as pessoas que têm mais tempo na empresa, como eu, que estou dentro do público que deve ser mais atingido. (…) Tenho uma amiga que está até com depressão por causa disso”, conta.   

Precarização e custo do serviço        

Um dos aspectos levantados pelos opositores da medida provisória é o risco de precarização dos serviços de energia após a privatização da Eletrobras. “Estudos feitos pelo Dieese e pela própria Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que nenhuma das empresas que foram privatizadas melhorou a qualidade de prestação do serviço. Além disso, o custo chegou a subir 300% em algumas companhias, se compararmos com as tarifas das empresas públicas”, destaca o sindicalista Francisco Marques.
Ele também aponta a diferença entre os dois segmentos no que se refere às metas colocadas para o serviço. “Existem metas que são determinadas pela Aneel e elas têm sido bem flexíveis pro setor privado, que dificilmente sofre punição por não cumpri-las. Ao contrário, as públicas são bastante penalizadas por não atenderem essas metas, geralmente rigorosas. Então, é claro que o consumidor perde muito com isso”, aponta.  
O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) também demonstra preocupação com o que se anuncia no horizonte da MP. “A gente já sabe que todo processo de privatização aumenta a exploração dos trabalhadores do sistema de energia do Brasil e dos consumidores, principalmente as famílias, que vão ter uma elevação nas tarifas. Com isso, aumenta a exploração dos atingidos por barragens, porque essas empresas vão querer ter mais lucro a qualquer custo, violando ainda mais os direitos”, projeta Luiz Dalla Costa, da coordenação nacional do Movimento.
A senadora Vanessa Grazziotin destaca a preocupação com o estado do Amazonas, do qual tem a representatividade. Com 1,5 milhão de quilômetros quadrados e mais da metade da população vivendo na capital, há grandes diferenças de lucro entre Manaus e os demais municípios.
“São 2 milhões de habitantes somente na capital. É o maior parque eletroeletrônico da América do Sul, então, obviamente que é um mercado lucrativo, interessante. (…) O problema é que, dentro dessa lógica do lucro, quem vai se preocupar em abastecer municípios como Tapauá, por exemplo? Porque, se a empresa é pública, às vezes você mantém um município pequeno a partir do lucro que vem dos grandes. O poder público faz isso porque o objetivo da empresa não é o lucro, e sim prestar um bom serviço e reverter o lucro no social. A empresa privada vai ter um outro olhar, claro. Então, essa medida é um desastre”, considera a senadora.

Trâmite

Após a aprovação e as alterações feitas pelo Senado, a MP 735 foi transformada no Projeto de Lei de Conversão (PLV) 29/2016 e segue agora para sanção presidencial.
Edição: Camila Rodrigues da Silva

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Lá vem a mudança de rumo!

EDUCAÇÃO

Senado forma comissão para avaliar MP do ensino médio

Oposição reforçou críticas à proposta e pediu que MP seja analisada por todos os atores do sistema educacional

Brasil de Fato | Brasília (DF), 
Deputado Izalci (PSDB-DF) e senador Pedro Chaves (PSC-MS), respectivamente, presidente e relator da comissão que vai analisar a MP do ensino médio / Mídia Ninja
Foi constituída na tarde desta quarta-feira (19) a comissão mista encarregada de analisar a Medida Provisória 746/2016, que institui a reforma do ensino médio. Editada pelo Planalto no último dia 22, a proposta tem sido alvo de fortes críticas de parlamentares da oposição e segmentos da educação, que se queixam especialmente da falta de participação da comunidade escolar na elaboração da matéria.
O colegiado será presidido pelo deputado Izalci (PSDB-DF), segundo o qual a comissão deve se reunir na quarta-feira da semana que vem para, em caso de quórum, elaborar o plano de trabalho e aprovar requerimentos de pauta. São os requerimentos que apontam, por exemplo, para a lista das pessoas que serão convocadas para participar dos debates.
“Não vamos ficar apenas na forma, e sim no conteúdo. Precisamos aprovar essa mudança, que é urgente e relevante”, disse o tucano durante a sessão, sem fazer avaliações detalhadas da medida.
O relator escolhido foi o senador Pedro Chaves (PSC-MS), que disse que pretende ouvir diversos atores envolvidos na discussão. “Os indicadores do ensino médio atualmente são péssimos, o modelo está obsoleto, então, é necessário que haja uma reavaliação. (…) Estou totalmente desarmado, preciso da contribuição de todos, independentemente da sigla partidária. Vamos também ouvir todos os segmentos da sociedade, principalmente professores e alunos, que são os mais interessados”,disse em plenário.

Controvérsias

A polêmica que circunda a medida resultou, até agora, no recebimento de 567 emendas (sugestões de alteração). Além disso, a MP é alvo de questionamentos no Supremo Tribunal Federal (STF) por parte de parlamentares da oposição, que criticam especialmente a forma como as modificações no ensino estão sendo propostas.
“A primeira questão que nos move é a crítica sobre essa decisão de fazer uma reforma educacional por medida provisória. (…) Educação se faz também sabendo ouvir, e precisamos destacar que a reforma vai afetar ainda o ensino fundamental e o próprio caminho rumo à universidade. Então, todos deveriam ser ouvidos. (…) Da forma como está colocada, essa é uma proposta retrógrada diante dos interesses do país”, avaliou a deputada Maria do Rosário (PT-RS). 
“Essa reforma é autoritária, até porque a Câmara já vem debatendo o tema há quatro anos por conta de um projeto de lei que trata do assunto, e isso foi desprezado pelo governo. (…) É claro que precisamos de uma reforma. Isso é quase consenso, porque o modelo atual de ensino cumpriu o seu papel no passado, mas hoje não responde mais às demandas da própria juventude. No entanto, quando tratamos do tema da educação, a melhor forma de debater é com amplo diálogo”, disse o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), tecendo críticas ao Planalto por não ter ouvido segmentos dos professores e estudantes nem o Conselho Nacional de Educação.
A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) se disse preocupada com o tempo-limite de apreciação da proposta, que, por se tratar de uma medida provisória, terá 120 dias para análise. Na avaliação dela, a curta temporada de discussão tende a impedir um debate mais democrático e plural.
“Lamento profundamente que o governo trate um tema dessa complexidade via MP. Nós sabemos que toda MP tem caráter impositivo e já nasce com força de lei, com apenas 120 dias pra gente decidir. E esse é um assunto muito sério, que mexe com milhares de estudantes em todo o Brasil e ainda afeta municípios e estados”, destacou a senadora.
Já a base do governo se defendeu das críticas afirmando que a implantação da reforma seria urgente. “Infelizmente, já faz mais de uma década que se debate aqui a revisão do ensino médio. O governo anterior teve 13 anos para fazer isso e não fez. Por conta disso, ela teve que ser transformada numa medida urgente”, sustentou o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG).
O deputado Alex Canziani (PTB-PR) corroborou a defesa do tucano. “O governo tomou a decisão certa, porque não podemos mais esperar por essa reforma”, disse.

Contradição com a PEC 241

Durante a sessão do colegiado, Reginaldo Lopes destacou a relação da MP 746 com a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que propõe um teto para os gastos públicos e está sendo debatida no Congresso.
“A PEC, na prática, propõe cortes na educação, e essa reforma requer ainda mais verbas, porque nós temos um regime de 800 horas de aula e teríamos que chegar progressivamente a 1.200 horas, já que eles querem implementar o regime integral nas escolas. Então, é óbvio que precisaríamos de mais investimentos, mas a PEC vai justamente no sentido contrário. O que eles estão fazendo é demagogia com a sociedade brasileira”, criticou o petista.

Rede de educação

Professores e diversos atores com atuação ligada à educação têm estado frequentemente na Câmara e no Senado para demarcar oposição à MP 746. Após a sessão desta quarta (19) no Senado, o coordenador do Fórum Nacional de Educação, Heleno Araújo, classificou a proposta do governo como “uma medida falsa”.
“Ela vem com o argumento de que vai ajudar o ensino médio a melhorar o seu rendimento, mas isso não é verdade. Entre outras coisas, ela atropela a Constituição Federal, que diz que todo jovem com idade entre 15 e 17 anos tem que estar matriculado no ensino médio, e a medida não se propõe a resolver isso. Temos atualmente 1,7 milhão de jovens fora da escola, e eles vão continuar nessa situação. Então, essa proposta é pura enganação”, criticou o dirigente.
Edição: Camila Rodrigues da Silva

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Desvio de recursos de merenda escolar